amores expresos, blog DO CUENCA

Monday, April 30, 2007

Festa e Ritchie Hawtin

28.04.2007

Conheci uma japonesa chamada Keiko através de amigos no Brasil. Keiko é muito legal, fala inglês e se colocou à disposição de me ajudar a conhecer a cidade. Ontem fomos com um amigo dela para uma festa de aniversário em Shibuya, numa pequena loja de discos de vinil. A aniversariante era uma fotógrafa e nas paredes estavam expostas suas fotos, muito boas, por sinal. Em certo momento, ela pegou minha câmera e tirou essas fotos:









(Depois vou pegar o nome para dar o crédito)

Era uma festa de jovens descolados, dj’s, artistas plásticos. Mas sempre quando alguém chegava, os cumprimentos eram sempre cheios de cerimônia. A descontração social tem lá suas amarras no Japão. Outro dia vi, no metrô, um grupo de punks de moicano se despedindo daquele jeito tradicional, inclinando o tronco várias vezes, acenando repetidas vezes numa espécie de gagueira gestual tão comum por aqui.

Depois da festa, fomos para uma rave onde iria tocar conceituadíssimo dj de tecno minimal, Ritchie Hawtin. O lugar era uma espécie de centro de convenções chamado Laforet Museum, em Roppongi. Como tudo, aparentemente morto e vazio. Depois de descer uma escada rolante e virar à direita, deu pra sentir o drama: lugar lotadíssimo. Se na rua estava um frio de dez graus, ali devia estar fazendo trinta. A fila do cloakroom era gigantesca e parecia parada por falta de espaço. Deixei meu blazer e cachecol em cima de um armário qualquer, confiando na honestidade nipônica, e fui para a pista principal. Yasuke, nosso amigo, disse: “pode confiar e deixar aí mesmo, é como em qualquer lugar do mundo! Seguro!”

Um galpão enorme com o melhor sistema de som que já ouvi em lugares do gênero. Colunas de caixas jbl em todos os lados, graves de estremecer o peito. Por trás do dj, uma tela de cinema com projeções em alta definição. Ao meu redor, os japoneses eufóricos, muita gente chapada de bala (ou pó, que parece ser popular aqui), e lotação equivalente à Yamanote Line na hora do Rush. Ou seja: sardinhas clubbers sob raios lasers e muita fumaça.

Video que fiz por lá. É meio escuro, mas quando rola a luz estroboscópica dá pra ter a noção do drama:



Insanidade total.

Quando amanheceu, voltei no primeiro metrô, junto com adolescentes bêbadas de micro-saia e um sujeito que estava escrevendo no celular, adormeceu e deixou o aparelho cair no chão. Ninguém pegou o celular do cara até a minha saída do vagão.

E, claro, meu blazer estava lá quando fui embora: “seguro!”