amores expresos, blog DO CUENCA

Monday, April 30, 2007

Yakitori

29.04.2007

Saí para almoçar em Shinjuku às seis da tarde com nenhuma idéia de onde comer. Caminhei sem muito destino e fui parar num conjunto de ruelas muito apertadas sob a linha do trem. Fios desencapados, chão de pedra, lanternas vermelhas, escadas e becos escuros. Ali, a maioria dos botecos populares vende Yakitori em balcões, espetinhos com pedaços de frango e carne, e também com shiitake, pimentão e um tipo de bolo de grãos. Lugar bastante típico e meio inacessível para gringos: os cardápios são todos em japonês (sem figurinhas, diga-se) e o clima é meio intimidador.

(Algo como um japonês que não fala nada de português querer almoçar num PF de quatro reais num boteco ao lado da Central do Brasil.)

Parei na frente de um dos lugares olhando os espetinhos (naquela altura, já salivando de fome) e um sujeito mudou de cadeira no balcão, liberando a da ponta como que dizendo “pode sentar”. Agradeci e pedi uma cerveja à garçonete chinesa – e esse foi todo o meu japonês falado até agora. O sujeito perguntou se eu era um “tlaveler” e começamos a conversar em inglês. Masami Kawai é um jovem salary-man, formado em engenharia mecânica. Mora a meia-hora de trem daqui e diz que não pretende jamais morar na cidade, muito caótica e doente, expressão que ele iria usar muitas vezes. “Sick!”

“Doente porque as pessoas não têm tempo para viver as próprias vidas e porque é muito estressante andar aqui. Não dá nem pra pensar direito.”

“Too much competition!”

Depois que terminamos de comer e beber, confessei que estava meio perdido, e Masami gentilmente fez questão de mudar seu caminho e me levar até onde eu pudesse me encontrar. Não sem antes, claro, me oferecer seu cartão com as duas mãos e com a cerimônia necessária. Aliás, já é a quinta vez que me oferecem cartões e eu não tenho o meu a retribuir. Penso em mandar fazer um.