Melhor bar do mundo, uísque, Bob Dylan, Miles Davis e rock farofa
Ontem escrevi por cinco horas num café esquisito aqui em Shinjuku (metido a francês, num esquema absolutamente kitsch, mas era o único à vista) e depois, aliviado com o resultado, fui com Musha ao que talvez mereça o título de melhor bar do mundo, onde me lembrei bastante de um outro amigo, Fred, que iria adorar o lugar. É um subsolo numa travessa em Shinjuku: na porta há uma pequena placa indicando uma escada menor ainda.
Quando chegamos não havia ninguém, apenas o dono. Depois surgiram por lá algumas almas perdidas: um homem calado de terno de risca de giz, um casal mais quieto ainda - o cara bêbado com a bochecha grudada ao balcão e a mulher dele sorrindo para mim.
O sujeito por trás do balcão e das vitrolas trabalha num hotel e, quando larga suas atividades de hotel-man, dedica-se ao bar. Numa parede, uma coleção com centenas de vinis que ele manipula e coloca para tocar com carinho extremo. Música norte-americana dos anos 60 e 70, folk na maioria das vezes. É como estar dentro da sala da casa do sujeito.
Chegamos lá às nove e meia e saímos às quatro da manhã tendo secado cerca de uma garrafa inteira de uísque – meu amigo é da casa, e tem sua própria garrafa. Na próxima vez que for lá, posso usá-la.
Isso me causa um conforto maior do que qualquer um possa imaginar: há um bar em Tóquio onde tenho uma garrafa de uísque e o dono conhece meu rosto.
Conversas valiosíssimas sobre a sociedade japonesa e suas esquisitices, meus erros de julgamento (comuns a estrangeiros recém-chegados), o livro que estou escrevendo, música brasileira e como Bob Dylan merece ganhar o prêmio Nobel de literatura mais do que qualquer um dos laureados nas últimas décadas.
Meu livro já tem um início. Que posso absolutamente descartar, é claro, mas que já existe e que, às vezes, me agrada.
***
Como todos os dias aqui têm o peso de uma experiência iniciática, vivo exausto e mal dormido. Quando chegar em casa, dormirei uma noite de uma semana.
***
Escutando no repeat: a versão do Miles Davis para “El Concierto de Aranjuez”, e overdoses de Phillip Glass e Keith Jarrett, trilhas sonoras perfeitas para o desfile dos salary men e office ladies mergulhados em concreto e néon.
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Elevador em Shinjuku. Esse prédio com um castelo no topo é um edifício de karaokê:
***
Inacreditável banda de rock farofa tocando na saída da estação, em frente ao gigantesco telão do Alta Studio:
Quando chegamos não havia ninguém, apenas o dono. Depois surgiram por lá algumas almas perdidas: um homem calado de terno de risca de giz, um casal mais quieto ainda - o cara bêbado com a bochecha grudada ao balcão e a mulher dele sorrindo para mim.
O sujeito por trás do balcão e das vitrolas trabalha num hotel e, quando larga suas atividades de hotel-man, dedica-se ao bar. Numa parede, uma coleção com centenas de vinis que ele manipula e coloca para tocar com carinho extremo. Música norte-americana dos anos 60 e 70, folk na maioria das vezes. É como estar dentro da sala da casa do sujeito.
Chegamos lá às nove e meia e saímos às quatro da manhã tendo secado cerca de uma garrafa inteira de uísque – meu amigo é da casa, e tem sua própria garrafa. Na próxima vez que for lá, posso usá-la.
Isso me causa um conforto maior do que qualquer um possa imaginar: há um bar em Tóquio onde tenho uma garrafa de uísque e o dono conhece meu rosto.
Conversas valiosíssimas sobre a sociedade japonesa e suas esquisitices, meus erros de julgamento (comuns a estrangeiros recém-chegados), o livro que estou escrevendo, música brasileira e como Bob Dylan merece ganhar o prêmio Nobel de literatura mais do que qualquer um dos laureados nas últimas décadas.
Meu livro já tem um início. Que posso absolutamente descartar, é claro, mas que já existe e que, às vezes, me agrada.
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Como todos os dias aqui têm o peso de uma experiência iniciática, vivo exausto e mal dormido. Quando chegar em casa, dormirei uma noite de uma semana.
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Escutando no repeat: a versão do Miles Davis para “El Concierto de Aranjuez”, e overdoses de Phillip Glass e Keith Jarrett, trilhas sonoras perfeitas para o desfile dos salary men e office ladies mergulhados em concreto e néon.
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Elevador em Shinjuku. Esse prédio com um castelo no topo é um edifício de karaokê:
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Inacreditável banda de rock farofa tocando na saída da estação, em frente ao gigantesco telão do Alta Studio:
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