amores expresos, blog DO CUENCA

Wednesday, May 2, 2007

Nakano, Cosplay, Dutch Wifes, Suntory, Ney Matogrosso

01.05.2007

Outro amigo que fiz aqui, através de amigos de amigos, foi o Saneaki Mushakoji. Musha é músico, escritor, tradutor (traduziu “O Mistério do Samba”, do Hermano Vianna, do inglês para o japonês) e gente boa toda vida. Na segunda, fui com Musha e sua mulher para Nakano. O plano era conhecer uma galeria de mangá, anime e assemelhados. Nakano é bastante menos badalada do que Akihabara, o que faz os preços mais baratos e a experiência mais interessante.

Nos labirínticos três andares da pequena galeria havia lojas especializadas em revistas em quadrinhos usadas, brinquedos usados (toda o espectro de velhos Ultramen e Godzillas nos encarando pelas vitrines), armas de brinquedo usadas, cds usados, pornografia usada (onipresente por aqui) etc. De impressionar a qualidade (e o preço) das roupas de Cosplay (fantasias de personagens de anime). Havia também um maid café, onde meninas de dezoito anos servem os clientes vestidas de colegiais ou personagens de Cosplay, sempre com microssaias e cintas-liga.

Deixamos pra outro dia.

Dentro de uma das várias lojas especializadas em pornografia, tentei procurar com a ajuda do Mucha revistas sobre “dutch wifes” ou "love dolls", que são basicamente bonecas infláveis muito sofisticadas e hiper-realistas. Aqui, são feitas de silicone, chegam a custar cerca de seis mil dólares e são inteiramente customizáveis (e você deve ter entendido o “inteiramente”). Quando seu dono morre ou resolve descartá-la, as lojas realizam funerais budistas com as bonecas.



Talvez eu resolva escrever algo sobre elas.



Tenho a idéia de que, se pudéssemos entrar na cabeça de um dos caras apaixonados e aficionados por essas bonecas, talvez fosse possível entender melhor o que é... O amor.

(Matéria do Le Matin sobre as bonecas, aqui).

Dentro da loja, Musha me chama atenção para uma prateleira de revistas. Há algo em destaque, com o número treze.

- No seu país, isso é proibido, não?

Eram meninas de treze anos, algumas aparentando bem menos, posando de maiô e biquíni na capa de revistas adultas. O Japão tem lá sua moral própria: todas as imagens pornográficas produzidas e comercializadas no país precisam ter filtros para as partes (veja post abaixo), mas, ao mesmo tempo o país permite que meninas dessa idade apareçam nesse tipo de prateleiras.

(Isso é outro assunto que merece mais espaço, mas percebe-se rapidamente que as mulheres aqui parecem bastante infantilizadas, no jeito de andar, sentar e se vestir. E é disso que o homem japonês médio deve gostar.)

Depois, fomos num café ali perto e acabamos num churrasquinho coreano, uma das carnes mais macias que já comi na vida. Depois, uísque Suntory na casa de amigos do Musha, onde todo mundo era louco por música brasileira e uma japonesa me confessou ser completamente apaixonada pelo... Ney Matogrosso.

Musha é ótimo companheiro de papo e bom de copo e às vezes tudo o que preciso aqui é de um interlocutor assim.