amores expresos, blog DO CUENCA

Saturday, May 5, 2007

Sobre ser estrangeiro

A verdade é que, no fim das contas, não me sinto mais estrangeiro aqui do que andando em qualquer lugar da minha cidade. Sempre tenho a impressão de que estou fora de lugar e do tempo no Rio de Janeiro, não menos ou mais do que aqui.

Andando em Copacabana, Belford Roxo ou Shinjuku o sentimento de alienação e estranheza é exatamente o mesmo. Para onde vão todas essas pessoas? Obviamente não me sinto capaz de compartilhar nada com elas.

Estar num lugar tão diferente e supostamente “estranho” como Tóquio me faz perceber isso com uma clareza inédita: não há diferença. É uma conclusão triste, talvez meio infantil. Na minha cidade natal há pessoas que amo, e sinto falta delas. Mas não sinto que pertença a nenhum lugar específico. Nesse sentido, é como se estivesse descolado dos lugares do mundo. Não é uma liberdade confortável. Não há liberdade confortável.

Pensando nisso, posso dizer que, para mim, o prazer que há em viajar passa por sentir-se estrangeiro quando se realmente é. De certa forma, um alívio.

Voltarei a escrever sobre isso.